terça-feira, 10 de dezembro de 2013

EEM Ayres de Sousa realiza atividades de Cultura de Paz











Artigo

Educando para a paz

Educar para paz é um dos grandes desafios de nossa sociedade, pois vivemos em uma cultura bélica, individualista e consumista. Neste contexto, valores como solidariedade, tolerância, respeito às diferenças, generosidade e humildade estão cada vez mais distantes do mundo dos jovens e das famílias.

“Pensar em uma cultura de paz exige a necessidade de transformações (...) indispensáveis para que a paz seja o princípio governante de todas as relações humanas e sociais que vão desde a dimensão de valores, atitudes e estilos de vida, até a estrutura econômica e jurídica e a participação cidadã.” (Feizi Milani, 2003, p. 31)

As famílias acabam tendo dificuldades de exercer o papel de educadores diante da influência crescente da mídia e do grupo de pares, enfraquecendo a autoridade parental e fragilizando os laços familiares. A inserção no mercado de trabalho de ambos os pais faz com que os momentos de lazer em muitas das famílias se tornem cada vez menos frequentes e, não raro, o diálogo e o afeto são substituídos por bens materiais.

A paz é ensinável

A construção e o fortalecimento dos laços familiares demandam ações como a afirmação da identidade pessoal e cultural, vivência, reflexão e respeito aos valores éticos universais, educação ambiental, sensibilização quanto a questões étnicas e de gênero, mobilização e promoção do bem-estar coletivo, bem como aprendizado para que os conflitos sejam resolvidos de forma pacífica e não de forma violenta.
Estabelecer a convivência em harmonia na família significa possibilitar condições de vida, educação, moradia, saúde, direito de expressão, liberdade de ir, vir, permanecer, trabalho, dentre outros, considerando os jovens como sujeitos de direitos e não meros consumidores.
A construção da paz constitui-se numa tarefa primordial e interativa de cada ser humano, pois somos todos sujeitos da vocação da paz. Ao mesmo tempo em que a violência é aprendida, a paz é ensinável. É nesta perspectiva que as famílias podem trabalhar com seus filhos, buscando formas de inculcar mensagens e atitudes positivas, centradas nas potencialidades e não nas fragilidades do sujeito.

Valorizar pequenos gestos de amizade, companheirismo, ouvir com atenção, respeitar opiniões diversas, visando ao equilíbrio nas relações e preservando o espaço e a autonomia do jovem. Favorecer o protagonismo juvenil implica reconhecer o jovem como sujeito do seu próprio processo de desenvolvimento, o que exige o acompanhamento pela família, que assume novas formas na contemporaneidade.

Sempre o diálogo

O grande desafio para as famílias é fazer com que o diálogo e o afeto façam parte do cotidiano. Esta abertura para com os filhos exige compreensão das diferenças, flexibilidade para aceitar o novo, reciprocidade e respeito, valores que, constantemente semeados, possibilitam uma relação de confiança e enriquecedora para todos os membros.

“Em um diálogo não há a tentativa de fazer prevalecer um ponto de vista particular, mas a de ampliar a compreensão de todos os envolvidos” (David Bohm).

Patrícia Krieger Grossi,
doutora em Serviço Social, professora na Faculdade de Serviço Social da PUCRS e
coordenadora do Grupo de Estudos da Paz (Gepaz).
Endereço eletrônico: pkgrossi@pucrs.br
e
Heloísa Arrussul Braga,
assistente social, integrante do Gepaz e do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Violências, Ética e Direitos Humanos.
Endereço eletrônico: heloisa.a.social@gmail.com
Artigo publicado na edição nº 403, jornal Mundo Jovem, fevereiro de 2010, página 18.

Sugestões de Leitura:

ABRAMOVAY, Miriam. Escolas de Paz, publicado por UNESCO, Governo do Estado do RJ, Secretaria do Estado de Educação e UERJ.
GUIMARÃES, Marcelo Rezende. Educação para a Paz: sentidos e dilemas. Editora EDUCS.
MILANI, Feizi M. Cultura de paz: estratégias, mapas e bússolas. Editora INPAZ.


FONTE: http://www.pucrs.br/mj/artigo-educando-para-a-paz.php


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